A ti,
estes pálidos versos que compus
com palavras que meu coração ditou.
Recebe-os, pois,
esta é a única lembrança
que o nosso amor deixou.
Cezar Cerqueira, 74 anos, filho, irmão, esposo, pai, sogro, avô, tio, primo, amigo, boêmio e contador por profissão; mas não foi com os números que ele liberou seu lado poético, foi contando sim... mas foi contando versos que ele expressou os traços mais recônditos de sua alma. Por isso, a decisão de expor sua poesia para que não cale em seu peito a voz do poeta até hoje anônimo.
Cezar Cerqueira.
O contador de alma poética...Na igreja de São Bento do Una, no Museu do Mestre Vitalino, em Caruaru e no litoral norte de PE, com a esposa, Irandy, companheira de toda vida.
terça-feira, 12 de abril de 2016
Caminho de amor
Há um caminho de amor a nossa espera,
vamos, os dois sozinhos,
sem hesitar.
Haverá pedras e espinhos
ferindo nossos pés,
para que não possamos caminhar.
Mas também haverá flores
enfeitando a nossa chegada,
onde o amor
vive a nos esperar.
Vamos, querida, nós
dois sozinhos,
de mãos dadas, bem juntinhos,
para o futuro que nos espera.
Vamos, querida,
antes que a tempestade
enfeite de saudade
nosso caminho de primavera.
Vamos, querida
viver o amor que nos espera.
Não permaneças aí parada
a fitar-me com esse olhar,
tão meigamente,
vamos que somente
em nós
nascerá a primavera.
Vamos, querida, sem hesitar,
...há um caminho de amor a nos esperar.
(Escrito em 09.07.63)
Aparição
Chegaste de momento ao meu carinho;
calma, tranquila, meiga, sorridente
e foste logo com teu corpo quente
quebrar o eterno gelo do meu ninho.
E eu que triste curtia o meu caminho,
sentindo a falta do amor ausente,
vejo mudar assim tão de repente
a solidão de continuar sozinho.
Já me sinto feliz e mergulhado
num mundo de prazer desenfreado
que estas carnes tuas me oferece.
Deixa, pois, fazer deste corpo lindo
um rosário de amor para que rindo
eu reze toda noite a minha prece.Advinhando
Voltaste.
Mas eu sabia que me deixarias novamente
e foi por isso que não escrevi
“O poema da tua
volta”.A bunda
Quando ela passa o mundo se espanta,
não pelo seu rosto que é muito feio,
mas é pela beleza do seu seio
e pela bunda que a todos encanta.
Quando ela passa a admiração é tanta,
grita logo quem primeiro avista
e contrito todo mundo assiste
a procissão de uma bunda santa.
É muita carne pelo mundo andando.
E eu olho e fico imaginando:
“Meu Deus, nunca vi tanta fartura”!
Só nesse mundo onde tudo acontece
é que uma bunda tanto assim cresce
para deixar todo homem de peia dura.A poesia em mim
A poesia em mim
é como aquele rouxinol solitário
que ninguém se importa de ouvir-lhe o canto.
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